Faz um tempo que procuro formas pra decifrar, gestos pra explicar... Eu estive em outros lugares sim e rodei o mundo sem ti, mas pergunte a qualquer um se em algum momento eu sorri. E as minhas companhias foram sempre tão ausentes sempre tão distantes. Eu sei dos toques, sei dos corpos e dos beijos, mas não falo disso, falo da certeza de que aqui no coração ninguém nunca foi tão longe. Falo da certeza de que os muros erguidos sobre nós não alteram nada, não pra mim. E até tento não falar de amor, até tento não falar sobre nós, mas algumas coisas se perderam no ar e me sufocam, algumas coisas precisavam ser ditas... Sempre faltou coragem, me faltaram motivos.
Tal realidade que abstrata toda uma crença no sentido que une e traz boas emoções ao coração, que faz faltar o ar, que faz perder a respiração por minutos deliberados, que faz entrar num ápice de loucura que perdura e parece nunca ter fim, algo inexplicável, algo belo de certa forma doloroso, mas belo. Talvez por ser a alegria do ser “amado”, talvez por alguns pontos não serem igualados, ou simplesmente pela forma diferente na retribuição do sentimento que engrandece dois corpos que se separaram de alguma forma circunstancialmente inexata.
Eis o ápice de uma vida a dois, o ponto em que se segue uma reta ou cria-se uma bifurcação, não pelo que ambos sentem, mas pela bagagem que carregam talvez pesadas para que possa ser revezado, talvez o sentimento, mesmo tão forte não tenha ombro suficientemente treinado para isso, talvez o cérebro ainda grite mais alto do que o centro-esquerdo do peito. Um dia tais pontos virem meras diferenças e se unam para que o caminho retorne ao uno.
Acredito que se é real a alegria de ser amado, se é real o sentimento e até mesmo a bagagem que trazemos conosco somos capazes de tornar real o futuro que traçamos hoje, e ainda que não sejamos fortes o suficiente pra passar por tudo e sorrir, que sejamos fortes ao menos para continuar. Se existe o desejo de ser amado junto com ele deve existir o querer de lutar por isso. Porém se seguirmos por caminhos opostos, continuarei aí. Agora faço parte de um passado inteiro.
domingo, 16 de janeiro de 2011
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